Recebeu um Aluno Autista? 3 Passos para Começar com Segurança (Antes de Pensar no PEI)

Olá, professora!
Aquele misto de responsabilidade e frio na barriga quando a ficha de um novo aluno chega à sua mesa. E nela, o diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA). A primeira pergunta que ecoa na mente é: "E agora?".
Se você se sente assim, respire fundo. Você não está sozinha. Essa sensação de incerteza é compartilhada por milhares de educadoras em todo o Brasil. A formação inicial, muitas vezes, nos deixa com a teoria, mas a prática da sala de aula exige ferramentas que caibam na nossa rotina já tão sobrecarregada.
Antes da pressão para elaborar o Plano Educacional Individualizado (PEI) perfeito, antes de mergulhar em dezenas de teorias, existem passos fundamentais que podem transformar o medo em confiança e criar um ambiente acolhedor desde o primeiro dia. Ferramentas certas não pesam: aliviam.
Passo 1: Acolha a Família como sua Maior Aliada
Ninguém no mundo conhece melhor o seu aluno do que a família dele. Antes de qualquer planejamento, agende uma conversa de acolhimento. O objetivo não é listar problemas, mas construir uma ponte.
Pergunte sobre os superpoderes da criança: Quais são seus interesses intensos (hiperfocos)? O que a acalma? Quais sons, luzes ou texturas a incomodam? Essas informações são o seu mapa do tesouro. Elas são a chave para conectar o conteúdo pedagógico às paixões do aluno.
Passo 2: Estruture o Ambiente para Diminuir a Ansiedade
Para um cérebro autista, o mundo pode ser caótico e imprevisível. A ansiedade gerada por essa imprevisibilidade é, muitas vezes, a raiz dos comportamentos desafiadores. Sua primeira grande vitória como "arquiteta de ambientes de baixa ansiedade" é tornar a sala de aula um lugar seguro e previsível.
Ação prática: Crie um quadro de rotina visual simples na lousa. Use imagens ou palavras para mostrar a sequência das atividades do dia. Isso funciona como um GPS para a criança, dizendo o que esperar e reduzindo drasticamente o estresse.
Passo 3: Adote a Abordagem de "Diferença, Não Déficit"
Muitos comportamentos que parecem "desafio" ou "birra" são, na verdade, comunicação. Uma crise pode ser a única forma do aluno dizer "este barulho está me machucando" ou "eu não entendi o que você pediu".
Mudar essa lente é libertador. Você deixa de ser uma "controladora de comportamentos" para se tornar uma "decodificadora de necessidades". Isso não só ajuda o aluno, mas preserva a sua energia e saúde mental.
Sua Jornada para a Inclusão Começa com Confiança
Esses três passos são o alicerce. Eles constroem a base de confiança e segurança sobre a qual todo o aprendizado irá florescer.
Para te ajudar a ir além, compilamos todas essas estratégias e muitas outras em um guia completo e gratuito: AUTISMO: Orientações Práticas para a Escola. Nele, você encontrará checklists, modelos de quadros de rotina e um capítulo inteiro sobre como usar os interesses do aluno para ensinar matemática, português e ciências.