7 Mitos sobre o Autismo: Seu guia para combatê-los
No universo da neurodiversidade, o autismo é, sem dúvida, um dos temas mais cercados por estereótipos e ideias equivocadas. Na ADAPTE, acreditamos que uma visão inclusiva começa com a informação, e para desconstruir mitos, é necessário conhecer e entender o que de fato define o espectro do autismo, ou seja, não existe UM autismo, mas manifestações diversas que precisam ser compreendidas individualmente.
Muitos dos conceitos errôneos sobre pessoas autistas não só afetam sua integração social e profissional, como também reforçam barreiras de preconceito e estigmatização. Vem com a gente desmistificar esses 7 mitos sobre o autismo levantados por uma pesquisa realizada realizada com grupos focais na Inglaterra e entender a verdade por trás deles.
Mito 1: "Pessoas autistas não se interessam por relacionamentos sociais."
Esse é um dos mitos mais comuns e prejudiciais, pois generaliza as preferências e habilidades sociais de indivíduos autistas. Embora muitos autistas possam ter dificuldade em interpretar sinais sociais de maneira neurotípica (como a maioria das pessoas), isso não significa que são desinteressados em se relacionar. Na verdade, muitos autistas desejam conexões, amizades e até relacionamentos amorosos. A diferença está em como se comunicam e expressam esse interesse, podendo ser de uma maneira menos convencional. Como toda pessoa, suas preferências variam, e é essencial respeitar suas formas únicas de interação.
Mito 2: "Pessoas autistas não gostam de contato físico."
Este mito nasce de uma percepção equivocada de que todas as pessoas autistas evitam o toque. É verdade que alguns autistas podem ter hipersensibilidade sensorial e se sentirem desconfortáveis com certos estímulos físicos. Porém, isso varia amplamente; alguns autistas gostam de abraços e toques, enquanto outros preferem evitar. Assim, é fundamental perguntar e respeitar os limites de cada pessoa em relação ao contato físico, sem assumir antecipadamente que por ser autista todos terão a mesma reação.
Mito 3: "autistas são pessoas introvertidas"
Pessoas autistas podem ter dificuldades na interação social e na comunicação, mas isso não significa que todas são introvertidas. A introversão é uma característica de personalidade que envolve a preferência por ambientes mais calmos e a interação social limitada por escolha. No caso do autismo, o que pode parecer uma característica introvertida geralmente decorre de desafios em interpretar e responder a estímulos sociais de maneira neurotípica, e não de uma preferência por estar sozinho.
Mito 4: "Pessoas com autismo não percebem a rejeição social."
É comum pensar que autistas não são capazes de perceber sinais de rejeição ou isolamento, mas isso não é verdade para todos. Embora alguns possam ter dificuldades em interpretar sutilezas sociais, muitos autistas são conscientes de que estão sendo excluídos e podem sentir profundamente essa rejeição. Este mito subestima a sensibilidade emocional de muitos autistas, que também enfrentam solidão e sofrimento devido à falta de inclusão.
Mito 5: "Todos os autistas têm um talento especial."
A mídia frequentemente representa indivíduos autistas como “gênios” ou pessoas com talentos extraordinários em áreas específicas, como matemática ou música. Apesar de alguns terem habilidades extraordinárias, esse fenômeno — conhecido como síndrome de Savant — é raro. A maioria das pessoas autistas, assim como a população em geral, possui uma ampla variedade de habilidades e interesses. Este mito cria uma expectativa irreal, que pode gerar frustrações tanto para quem é autista quanto para seus familiares e a sociedade.
Mito 6: "Pessoas com autismo são perigosas."
Infelizmente, este é um estereótipo altamente prejudicial, que associa o autismo a comportamentos agressivos e perigosos. Na realidade, as pessoas com autismo não são mais propensas a comportamentos violentos do que pessoas neurotípicas. No entanto, quando enfrentam situações de estresse ou se sentem incompreendidas, podem reagir de maneira intensa, o que é frequentemente mal interpretado. É necessário desenvolver empatia e entender as razões por trás dessas reações, para que possamos oferecer o suporte adequado.
Mito 6: "Autistas são mentalmente perturbados"
O autismo é uma condição de neurodesenvolvimento, não uma doença mental. Embora pessoas com autismo possam, como qualquer outra pessoa, ter condições de saúde mental, o autismo em si não é uma doença. Trata-se de uma maneira única de vivenciar e interagir com o mundo em razão de um desenvolvimento cerebral diferenciado. Classificar o autismo como uma “doença” perpetua um olhar clínico e limitador, quando, na verdade, é uma característica intrínseca da pessoa, que traz seus próprios desafios e potencialidades.
O Papel da Informação e da Empatia
Mitos e desinformações sobre o autismo geram um impacto direto na vida das pessoas autistas e em suas famílias, dificultando sua plena inclusão na sociedade. A ADAPTE acredita que a educação é o caminho para quebrar barreiras e promover uma cultura de acolhimento e empatia. Conhecer a realidade do autismo e compreender suas nuances é o primeiro passo para uma inclusão verdadeira, que valoriza as potencialidades e respeita as limitações de cada pessoa.
Ajude a disseminar informações baseadas em evidências, promover debates e incentivar uma visão inclusiva. Queremos que você sinta-se encorajada(o) a questionar preconceitos e a abrir-se para aprender mais sobre o autismo e a neurodiversidade. Afinal, como dizemos aqui na ADAPTE: cada pessoa é única em seu modo de ser, e todas merecem uma chance justa de mostrar seu melhor ao mundo.
Vem com a gente e compartilhe esse conhecimento!
Referência:
John, Rachael Ps et al. “Myths about autism: An exploratory study using focus groups.” Autism : the international journal of research and practice vol. 22,7 (2018): 845-854. doi:10.1177/1362361317714990 em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28778133/ Acesso em: novembro/2024