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Habilidades Sociais Após a Pandemia

Após dois anos de vida em isolamento, mesmo os adultos típicos estão com dificuldade de cultivar e estabelecer novas relações sociais. A falta de encontros presenciais e a “proteção” pelas telas parece ter atrofiado nossa inteligência social.

Para autistas esse impacto foi ainda mais intenso, já que o funcionamento cerebral desse público já tem uma inata dificuldade de comunicação que dificulta a interpretação de expressões faciais e sutilezas desse processo tais como prosódia da fala e figuras de linguagem.

No último encontro do Doutores TEA, o Dr. Mateus Brasileiro, enfatizou que mais do que treinar cumprimentos mecanizados, é importante estimular o interesse da pessoa autista pelo outro. Esse é um processo longo que exige tempo e investimento em características como:

  • MOTIVAÇÃO para estar com o outro ou para não evitar estar com o outro; EXPOSIÇÃO a situações não necessariamente agradáveis na interação, mas que com a repetição vão ficando toleráveis e até confortáveis.
  • FLEXIBILIDADE para sair do hiperfoco por um tempo e para variar assuntos, abrindo espaço para o outro.
  • PERSISTÊNCIA para cultivar uma conversa ou uma amizade que só futuramente proporcionem um “ganho”, como um passeio ou um encontro.

Trazendo essas orientações para o mundo dos “típicos”, não é tão diferente do que é preciso fazer para promover sua capacidade de interação. A grande diferença é que para autistas esses processos precisam de modelos mais explícitos, com histórias sociais, passo-a-passo, modelações e treinos prévios que vão abastecer os indivíduos, sejam crianças, adolescentes ou adultos, com repertório para essa complexa tarefa da interação social.

Para essa missão, tanto a análise do comportamento aplicada (ABA), quanto a terapia cognitivo comportamental (TCC) têm ferramentas para apoiar autistas e típicos nesse processo.