DOE AGORA

Autismo em alta: Uma epidemia de necessidades

Embora o diagnóstico de autismo esteja em alta é importante destacar que não se trata de uma epidemia do autismo, mas sim de uma epidemia das necessidades que envolvem o cuidado e suporte para autistas. É essencial que haja uma conscientização crescente sobre o transtorno e que sejam fornecidos recursos adequados para as famílias e escolas.

O aumento da prevalência do autismo é um fato apontado no estudo realizado pelo CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, divulgado em março de 2023, que mostra a prevalência do autismo em crianças até 8 anos como sendo de 1 autista para cada 36, representando um aumento significativo em relação ao último estudo, que apontava 1 em cada 44.

Esse aumento é particularmente maior nos grupos de minorias étnicas e em meninas, sendo que a prevalência em crianças asiáticas, pretas e hispânicas foi pelo menos 30% maior do que no último estudo, enquanto em crianças brancas foi 14,6% maior. Pela primeira vez, o número de meninas identificadas com autismo foi maior do que 1%.

37,9% das crianças com autismo são classificadas como tendo deficiência intelectual, o que significa que muitas delas precisam de suporte adicional às adaptações na escola e na vida em geral. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem fazer toda a diferença na vida da criança, pois permitirão que ela receba o suporte necessário para alcançar seu pleno potencial. No entanto, a idade média de diagnóstico ainda é pouco mais de 4 anos, o que destaca a importância de profissionais de saúde estarem mais capacitados para identificar os sintomas e realizar o diagnóstico o mais cedo possível.

Existem diversas hipóteses sobre o aumento da prevalência de autismo, mas até o momento, não há uma resposta definitiva. Algumas teorias incluem fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, mas as evidências ainda são inconclusivas.

O aumento no número de casos pode ser explicado em parte pelo maior conhecimento sobre o transtorno e a melhoria nos métodos de diagnóstico. Antes, muitas crianças com TEA eram mal diagnosticadas ou nem mesmo diagnosticadas. Hoje, profissionais de saúde estão mais capacitados para identificar os sintomas e fazer o diagnóstico. No entanto, ainda há uma grande carência na rede de saúde e educação para atender as necessidades dos autistas, o que pode levar a falta de suporte adequado.

Independentemente das causas do aumento da prevalência de autismo, é essencial que haja uma conscientização crescente sobre o transtorno e que sejam fornecidos recursos adequados para as famílias e as escolas. As mães e pais seguem rotinas extenuantes quando não contam com tratamento adequado para seus filhos, são bombardeados com ofertas de “curas milagrosas” e direcionam vultuosos recursos financeiros para tentar driblar a falta de tratamentos disponibilizados pelo SUS, planos de saúde e pela falta de rede de apoio de familiares e amigos que compartilhem a jornada de crescimento de suas crianças, como normalmente acontece com pessoas típicas. Muitas pessoas que eram próximas acabam se afastando pelo preconceito, aversão e falta de interesse em aprender a cuidar de uma criança atípica.

Assim, mães e pais levam para as redes sociais suas dores e sua grita por mais inclusão. Se você é mãe de uma pessoa autista, deve se engajar nesse processo com algumas atitudes:

  • Busque ajuda profissional: encontre um especialista em TEA que possa avaliar e ajudar a desenvolver um plano de intervenção adequado para seu filho.
  • Trabalhe em equipe: envolva sua família, educadores e terapeutas em todo o processo de intervenção e apoio.
  • Comunique-se com seu filho: converse com ele e tente entender suas necessidades e desafios. Isso pode ajudá-lo a encontrar maneiras de ajudá-lo a se comunicar melhor e a lidar com situações difíceis.
  • Respeite suas necessidades e limitações: permita que seu filho autista tenha espaço e tempo para processar informações e lidar com estímulos sensoriais.
  • Celebre suas conquistas: reconheça e celebre as conquistas e habilidades do seu filho. A positividade e o incentivo podem ajudar a melhorar sua autoestima e confiança.
  • Busque apoio e apoie a comunidade autista: encontre outras famílias, autistas adultos e representantes políticos que efetivamente trabalhem pela execução das leis que garantem a inclusão de autistas é a única forma de transformar o cenário atual de preconceito e exclusão.

Muitos momentos serão desafiadores, mas lembre-se de que você não está sozinha e que existem muitos recursos disponíveis para ajudar as famílias de crianças autistas. Procure ajuda e suporte sempre que precisar. Juntos, podemos nos apoiar e ajudar nossos filhos a alcançar seu potencial máximo.

Aqui na Adapte Educação, temos um compromisso com a inclusão de autistas na educação e na sociedade. Nós acreditamos que a educação é um direito fundamental para todas as crianças, independentemente de suas habilidades ou desafios. Continuaremos trabalhando para criar um mundo mais inclusivo e acessível para todas as pessoas. Juntos, podemos fazer a diferença na vida das crianças com autismo e suas famílias.