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Autismo e o comportamento de aluno

Imagine uma criança que não atende quando é chamada, que não senta, ou se senta, não consegue permanecer sentada, que não imita as coreografias das músicas, que não observa o livro apresentado pela professora?

Normalmente vemos mais crianças assim nos primeiros anos da Educação Infantil, pois esse aprendente ainda precisa desenvolver uma série de habilidades para alcançar o chamado comportamento de aluno. Crianças típicas desenvolvem esses requisitos naturalmente por meio da convivência com os pares.

É ao longo do Ensino Fundamental que os déficits no comportamento de aluno começam a ficar mais evidentes entre as crianças atípicas, especialmente com transtorno do espectro do autismo, que passam a destoar dos colegas no ambiente escolar, por não terem alcançado os requisitos para apresentar o comportamento de aluno. Não é incomum que essas crianças que antes demonstravam mais habilidades do que os colegas para reconhecimento de letras, números e cores, acabem ficando para trás na aprendizagem da leitura, escrita e matemática.

Mas como se caracteriza afinal o comportamento de aluno? Para apresentar um comportamento de aluno, a criança precisa: Sentar, permanecer sentada, imitar, fazer contato visual, manter o contato visual e fazer rastreio visual, ou seja, acompanhar com os olhos um estímulo que lhe é apresentado, como quando o professor mostra uma operação matemática no quadro da sala.

Nos casos em que o aprendiz ainda não tenha alcançado essas habilidades, a intervenção em ABA pode fazer uma diferença grandiosa para a criança. Com a ajuda de um analista do comportamento, é feita uma avaliação das habilidades do aluno, identificação de déficits, contingências de reforçamento e variáveis ambientais que promovam ou que imponham barreiras ao aprendizado da criança, como por exemplo, estímulos visuais, sonoros, pré-requisitos acadêmicos, além dos requisitos de comportamento de aluno.

Sob orientação do analista, o professor consegue planejar as contingências de ensino que promovam a aquisição dos requisitos específicos para este aluno. Em alguns casos pode ser necessária a ajuda de uma aplicadora terapêutica, que atua no sentido de estimular a criança a executar as atividades do professor da forma mais independente possível.

Com o sucesso no ganho de habilidades, especialmente de linguagem e comunicação, a tendência é que a criança desenvolva o comportamento de aluno e diminuam as ocorrências de comportamentos difíceis. Essa é mais uma das razões pelas quais o sucesso de uma intervenção baseada na ABA está diretamente ligada ao envolvimento da escola, tanto quanto dos familiares.